O 1º Sepultamento no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia – Porto Alegre – RS

Breve relato sobre o primeiro sepultamento realizado no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, em 1650. Até então os sepultamentos eram realizados no terreno da Igreja Matriz, mas devido as más condições do local, estava ainda em construção este novo Campo Santo, que devido ao fator emergencial e inesperado do ocorrido abaixo, foi inaugurado, mesmo sem ainda haver as devidas condições de logística e autorização formal do poder público. Dados extraídos do livro Porto Alegre Através dos Tempos, de Archymedes Fortini, publicado no ano de 1962.

O primeiro sepultamento realizado no cemitério da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, foi do português José Domingues, vitimado em viagem do Rio Grande para esta capital pela Febre Amarela. O cadáver foi desembarcado de um Iate e a população assustou-se receando poder a moléstia propagar-se, tanto mais que reinava intenso calor.

O Presidente da Província, Dr. Pimenta Bueno, determinou que o corpo não fosse à igreja e proibiu que o sepultamento se desse no cemitério intramuros da Matriz (Praça Marechal Deodoro).

Oficiou ao bispo o provedor da Santa Casa, dizendo dever o corpo ser enterrado no cemitério da Azenha, então em construção. Respondeu o provedor não ser possível atender a essa requisição, porquanto não dispunha a Santa Casa de recursos para a remoção do cadáver, pois não tinham chegado carros destinados a este fim, e que, desde há muito, tinham sido encomendados.

Procurou-se fazer seguir o corpo no conhecido carro do Padre Francisco, que tinha uma caranguejola que serviu para os casamentos. batizados e enterros. O padre, receando perder a freguesia dos casamentos e batizados, não quis ceder o carro. Afinal, fez-se a remoção numa “carretilha”. A título de curiosidade, damos aqui o termo do registro de óbito de José Domingues, tal qual se encontra no primeiro livro de assentamento dos óbitos da Santa Casa.

“1º José Domingues, idade 50 anos, natural de Portugal, prático do rio, desta cidade para Rio Grande. Faleceu em 5 de abril de 1850 e foi sepultado em 6 de abril do mesmo dito mês e ano, no Campo Santo, na sepultura nº. 1. Declara que este corpo foi mandando para o cemitério por ordem superior que vão apresentar por escrito em razão de se presumir que a sua morte tinha sido de Febre Amarela. O seu sepultamento foi encarregado a um negro que acompanhou o mesmo corpo, não se tem por esta repartição tomado conhecimento algum mais do que consentir-lhe o sepultamento, em razão de não haverem ainda ordens para enterrarem os corpos no cemitério extra muros.

Porto Alegre, 23 de maio de 1850 – O encarregado da cocheira, Luiz Antônio Bastos.

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sumulastche

Brasileiro, casado, nascido em Viamão (RS) no dia 25/12/1976. Pesquisador de futebol desde os 11 anos de idade, membro da RSSSF Brasil (www.rsssfbrasil.com), desde 2000. Procuro dados sobre o futebol brasileiro, com a pretensão de levar a todos que visitem este blog, um pouco de história sobre nossos clubes, atletas e campeonatos.

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